Animação Missionária

“Quando cresce no cristão a consciência de pertencer a Cristo, em razão da gratuidade e alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o dom desse encontro. A missão não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins do mundo (cf. At 1,8)” (DAp 145)

A terminologia “Animação missionária” surge como fruto do Concílio Vaticano II, mesmo que nos textos conciliares não conste a expressão. Compreende-se ser uma verdadeira tomada de consciência missionária: “É o ministério eclesial (EN 73), exercido no seio da comunidade eclesial, para que essa comunidade se faça dócil ao Espírito, assuma a missão como sua essência, e se abra ao alcance universal da mesma.” (BUENO, Eloy. CALVO, Roberto. Diccionario de Misionologia y Animación Misionera. Burgos: Monte Carmelo, 2003, p. 80).

Como o Povo de Deus vive em comunidades, sobretudo diocesanas e paroquiais, e é nelas que, de certo modo, se torna visível, pertence a estas dar também testemunho de Cristo perante as nações. A graça da renovação não pode crescer nas comunidades, a não ser que cada uma dilate o campo da sua caridade até aos confins da terra e tenha igual solicitude pelos que são de longe como pelos que são seus próprios membros. Assim, toda a comunidade reza, coopera e exerce atividade entre os gentios, por meio dos seus filhos a quem Deus escolheu para este importantíssimo encargo.

É muito útil que, contanto que não crie desinteresse pela obra missionária universal, se mantenha relações com os missionários oriundos da própria comunidade ou com determinada paróquia ou diocese das missões, para tornar visível a comunhão entre as comunidades e contribuir para mútua edificação.

A comunidade precisa ser despertada, ser animada para assumir a missão, pois sempre há o risco de se acomodar, de não se abrir e não estar disponível ao que o Espírito indica. O imediato da realidade local, o medo, a grande dimensão do compromisso missionário podem como que frear radicalmente a missionariedade. Daí a importância de as Comunidades Eclesiais se empenharam na animação missionária, contando com os instrumentos que estão ao alcance de todos para vivenciar e promover a missionariedade própria da Igreja.

Assim, a animação missionária deve:

  • Reavivar o impulso das origens, impregnando o ardor da pregação apostólica depois de Pentecostes;
  • Cultivar nos cristãos um sentimento convincente, como o de Paulo;
  • Suscitar uma nova ação missionária, não de “especialistas”;
  • Envolver a responsabilidade de todos os membros do Povo de Deus;
  • Ser compromisso cotidiano de comunidades e grupos cristãos.

O Papa Paulo VI, na exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, número 24 afirma que: “Finalmente, aquele que foi evangelizado, por sua vez, evangeliza. Está nisso o teste de verdade, a pedra-de-toque da evangelização: não se pode conceber uma pessoa que tenha acolhido a Palavra e se tenha entregado ao Reino sem se tornar alguém que testemunha e, por seu turno, anuncia essa Palavra.” 

“Dado que a Igreja é toda ela missionária, e a obra da evangelização é um dever fundamental do Povo de Deus, o sagrado Concílio exorta todos a uma profunda renovação interior, para que tomem viva consciência das próprias responsabilidades na difusão do Evangelho e assumam a parte que lhes compete na obra missionária junto dos gentios” (Decreto Ad Gentes, n. 35).